top of page

O brincar e a Terapia Ocupacional


Ontem, no nosso Instagram, teve post contando sobre a atuação do Terapeuta Ocupacional e o brincar... E, aqui no Blog também!


Muitas pessoas, e principalmente pais de pacientes, sempre nos questionam qual é o nosso objetivo e por que tais atividades. Já me deparei, inclusive, com certos dialogos como: "Ah! Mas para brincar, brinca em casa". Por isso, é de grande importância a conscientização de nossa atuação e o porquê utilizamos o brincar como recurso terapêutico em nosso trabalho.


Se nós, adultos, temos como ocupação o trabalho, para as crianças a ocupação é o brincar. E, na pediatria, o Terapeuta Ocupacional é o profissional que irá avaliar a criança a fim de conhecer melhor os aspectos relacionados às suas demandas, identificando, assim, suas dificuldades e potencialidades para estimulá-la através do brincar. E é, por meio do brincar, que a criança aprende a descobrir o mundo que a rodeia, desenvolvendo diferentes fatores do seu desenvolvimento motor, cognitivo e social. Ou seja, por trás do brincar e de cada atividade temos um objetivo a ser alcançado.


Existem diversos estudos que comprovam a importância do brincar terapêutico. Um deles é o Modelo Lúdico, que foi publicado pela primeira vez em 1994 , pela terapeuta ocupacional canadense Francine Ferland.


O modelo propõe recorrer sistematicamente ao brincar na prática da terapia ocupacional, tendo o brincar como principal característica e sendo visto como o objetivo da intervenção, isto é, desenvolver o brincar na criança que não brinca. O brincar busca três elementos : a atitude, a ação e o interesse de maneira que gere prazer de ação e a capacidade de agir, levando a criança a desenvolver a autonomia e um sentimento de bem-estar. Autonomia e bem-estar não só da criança como também de sua família, sustentados nos seguintes objetivos da abordagem de FERLAND¹: estimular, desenvolver e manter a atitude lúdica na criança, instigando a curiosidade, a espontaneidade, o prazer, o senso de humor, a imaginação, a capacidade de solucionar problemas, tendo em conta a dimensão afetiva; estimular, desenvolver e manter na criança um repertório de interesses variados; estimular, desenvolver e manter as habilidades lúdicas da criança, instigando as esferas sensoriais, motoras, cognitivas e sociais.


Não podemos esquecer que temos que conhecer as características pessoais da criança e não somente as dificuldades, quais são suas brincadeiras, músicas, desenhos preferidos. E, através do brincar, entramos no "mundo" das crianças e contribuimos para o seu desenvolvimento, gerando a autonomia, independência e pontencializando suas habilidades.


Podemos ilustrar, como exemplo, os autistas, em que o brincar é descrito como restrito e peculiar, acrescido de dificuldades de interação social.


Nesses casos, o brincar tem grande importância no seu desenvolvimento social e cognitivo, podendo ser estimulado inúmeros fatores, como as Atividades de Vida Diária (vestir-se, banhar-se, escovar os dentes, alimentar-se, etc), comportamental (ação, interesse, comunicação, regras, etc), atenção, concentração que implicará em suas rotinas como ir à escola, por exemplo, entre outras tantas interveções possíveis, além da estimulação sensorial.


Em outras patologias, o brincar poderá apresentar objetivos iguais, porém, para alcançá-los, a atuação ocorrerá de forma diferente.


No site do COFFITO, encontramos a Resolução que dispõe sobre a atuação do Terapeuta Ocupacional na brinquedoteca e outros serviços inerentes, e o uso dos Recursos Terapêutico-Ocupacionais do brincar e do brinquedo.


"As crianças não brincar de brincar. Elas brincam de verdade." - Mário Quintana

----------------------------------------

¹ ZEN, C. C.; OMAIRI, C. O modelo lúdico: uma nova visão do brincar para a Terapia Ocupacional. In: Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, São Carlos, Jan-Jun 2009, v. 17, n.1, p. 43-51.

Posts Recentes
Arquivos
Ache-nos
Nenhum tag.
bottom of page